quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Bolhas, Tê-las ou Não Tê-las, como Sabê-las?

* Por Vars Braga Roman


As caminhadas e peregrinações, não são para nos flagelarmos e sim para desfrutarmos, ter momentos de reflexão, sentir a natureza na sua plenitude, poder nos conectar com o nosso sagrado e compartilharmos novas experiências.

Quando planejamos fazer longos percursos, em algum momento da nossa empreitada vamos deparar com o “fantasma” das bolhas.

O primeiro passo é tentar não tê-las, amaciando por algum tempo o calçado que escolhemos (botas, tênis, sandálias, etc...), usando sempre meias adequadas, às vezes até duas meias, untar os pés com vaselina sólida para diminuir o atrito. É recomendável fazer testes com as botas ou tênis, tipos de meias, usar ou não vaselina sólida, pois cada pessoa e cada pé reage de uma maneira. É muito importante parar ao primeiro sinal de desconforto nos pés. Muitos de nós, na ânsia de “não perder” tempo, não atentamos para os sinais de nosso corpo. Qualquer desconforto em nossos pés, como meias mal ajustadas, pequenas pedras/pedaços de madeira ou a sensação de que um ponto ou uma região do pé está queimando, podem ser o princípio para que uma bolha apareça. Portanto se acontecer alguma das situações citadas, devemos parar o mais rápido possível e ajustar o que está causando o incômodo. Pode ser ajustando a(s) meia(s), tirando algum objeto que tenha entrado no calçado ou no caso de queimação no pé, proteger a região com esparadrapo, de preferência “micropore”, mas na falta desse o que tiver (esparadrapo comum, curativos, etc...).

Não se esqueçam, caminhar com bolha (s), torna a jornada mais dolorosa, mais lenta e menos prazerosa.

Tomei todas as precauções possíveis para evitar as bolhas, porém elas surgiram. E agora? Não é o fim do mundo! 

Precisamos avaliar primeiro se é uma bolha com água ou com sangue. No caso de bolhas com sangue, não é recomendável mexer, e sim, procurar ajuda especializada em algum hospital ou posto de saúde.

No caso de bolhas de água precisamos avaliar em que região está a bolha, dedos, sola do pé, calcanhar, laterais. Após uma primeira análise é importante verificar se essa bolha não atrapalha para caminhar. Caso a bolha não nos cause incômodo, ou só um pequeno desconforto, não devemos drená-la, pois o organismo vai tratar de recuperá-la. Sem furar a bolha não haverá risco de qualquer infecção.

No caso de bolhas que causem dor e não nos permitam caminhar, então devemos drená-las.

A melhor maneira é usar uma agulha esterilizada e um fio/linha de algodão, também esterilizado, de preferência, embebido com “Betadine” (Iodo antisséptico). Devemos fazer uma boa assepsia do local, com álcool ou Betadine, colocar o fio/linha na agulha e furar a bolha, deixando parte da linha dentro da bolha para ficar drenando a bolha e dar dois ou três nós com as outras duas extremidades para que a linha não saia. 



Devemos mexer de vez em quando com a linha para que não grude na pele e permita que a bolha seja drenada constantemente. Para evitar infecções e ajudar na cicatrização, o ideal é colocar Betadine dentro da bolha, se possível. Pode se usar uma seringa com agulha para colocar o medicamento porém é preciso tomar muito cuidado para não tocar com a agulha na carne “viva” que fica por baixo da pele, pois isso é bastante doloroso, mas permite uma cura mais rápida, sem correr riscos de infeccionar.

Como o Betadine não é encontrado no Brasil, poderemos usar um álcool antisséptico para esterilização da agulha e linha, e uma pomada de neomicina para aplicar por fora da bolha. Algumas pessoas preferem queimar a agulha para esterilizá-la. Portanto, na bolsa de primeiros socorros devemos incluir: um frasco de Betadine ou antisséptico/neomicina, uma agulha e linha, gaze para curativos e uma seringa pequena com agulha (descartáveis).

Cada um deve usar o método no qual se sente mais seguro e achar mais prático. Esse artigo serve como orientação e não tem a pretensão de ser a única maneira de tratar bolhas. É uma maneira prática empregada por muitos peregrinos em seus caminhos. Uma boa dica é falar com seu médico pessoal, qual a orientação recomendada por ele. 

Ótimos caminhos!



sábado, 29 de novembro de 2014

A Benção ao Iniciar Nossas Caminhadas


"Que o caminho seja brando aos nossos pés,


e o vento sopre leve em nossos ombros.


Que o sol brilhe cálido sobre a nossa face,


e as chuvas caiam serenas em nossos caminhos.


E até que nós nos encontremos novamente,


que Deus nos segure na palma de Sua mão."*


*Benção Irlandesa, sugerida e adaptada pelo participante Weliton da Silva, adotada pelo grupo para que seja proferida ao início de cada caminhada, independente da religião ou fé de cada participante.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Agulhas Negras - Rumo ao Topo

"O esforço para alcançar o topo é por si só suficiente para completar o coração do homem"
Albert Camus

* Por Wagner Marrane

Engraçado como os caminhos nos levam a situações intrigantes. Na aventura relatada no meu ultimo texto – Travessia Rui Braga – tive um situação inusitada: um dos integrantes do grupo se propõe a escalar o pico das Agulhas Negras e eu sem muito pensar respondi rapidamente – “Eu topo”!. Em menos de 30 dias, mais uma aventura: escalar o pico de Agulhas Negras. Localizado na Serra da Mantiqueira, com seus 2790 metros é um local imponente com uma vista incrível.


Chegamos a Resende em torno das 4h da manhã e cordialmente o guia local nos cedeu sua residência para descansarmos, pois a nossa aventura começa as 06 da manhã.

Jeronimo obrigado pela hospitalidade!

Após minutos de descontração e empolgação pegamos no sono, só que ... biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!! Seis da manhã, levantamos e vamos arrumar o equipamento, mochilas, cordas, cadeirinhas, mosquete, oito, comida e muita vontade de enfrentar essa beleza da natureza.

Seguimos de carro até a entrada do parque e na sequencia caminhamos até o ponto de partida, abrigo Rebouças, preparativos finais, mochilas nas costas e go!!


No abrigo encontramos diversos grupos com o mesmo objetivo – chegar um pouco mais perto do céu.


O trecho é cercado de pedras, a formação rochosa parece que foi esculpido. Chegamos a base e começamos a subida. Sinceramente, sofri bem com o nível de dificuldade, me faltava o ar e resistência, mas não poderia deixar de olhar de cima, e com ajuda dos meus amigos segui rumo ao topo.


Nessa aventura contei com Marcelo Morgado, Jeronimo, Thiago e Angelo


No decorrer da subida, muitas risadas e um sol muito quente! Como bebia água! Houve um momento que pensei em desistir, restava pouco para o topo, sentei para uma vista linda e refleti por alguns instantes sobre coragem e superação, foi neste momento que parti rumo ao topo.

* Da direita pra esquerda: Wagner, Jeronino, Angelo, Thiago e Marcelo.

Finalmente senti que a conquista, baseada numa relação entre você e seus princípios, nos diversos sentimentos que confundem o racional se resume em “fazer acontecer”. Não basta querer, não basta planejar, tem que executar e bem feito. Desde então, Agulhas fez minhas ações se tornarem mais consistentes, pois aprendi que posso mais.


Até a próxima aventura!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Caminhada - Gonçalves - MG

"Nenhum caminho é longo demais quando um amigo nos acompanha"

*Por Cláudio Caldeira

Local maravilhoso, cheio de belas paisagens e somente dois dias para apreciar toda a beleza da Região. Claro que não conseguimos e ficou a vontade de um breve retorno.

Após o café da manhã na pousada, nos deslocamos para o ponto de encontro na Fazendo do Guia que iria conduzir aos passeios programados. Fomos recebidos com um gostoso café e chá no fogão de lenha.
* No Otavianos Rancho - Pedro & Rosa - Ao Fundo Pedro (Nosso Guia), Kimie, Paulo e Cristina no momento do café antes da partida.

Partimos para a primeira etapa do dia com sol forte e muita disposição para atingir o alto da pedra. Depois do esforço todos contemplaram e desfrutaram da bela paisagem que nos foi oferecida pela natureza.



Retornamos para a Fazenda com o Guia e tivemos que apreciar o Pinhão assado e o gostoso chá que estava na Chaleira na chapa quente do fogão de lenha.


Após o almoço fomos para a Pedra do Forno para apreciar o pôr do sol. Uma subida íngreme, que se tornou cansativa depois de um leve almoço com a gostosa comida mineira.

Quando chegamos no topo fomos presenteados pela mãe natureza novamente.  As imagens irão dispensar palavras, somente reflexão. A beleza da paisagem bastou para ficarmos em silencio e apreciarmos o que nos foi  ofertado.

*Vania Freixo na Pedra do Forno

*Vania Freixo na descida da Pedra do Forno quando fazíamos a despedida da bela paisagem com o Por do Sol.

Após o jantar ainda tivemos folego (ninguém reclamou dessa Caminhada), o percurso foi do restaurante da Pousada até o Chalé do Paulo para tomar algumas taças de Vinho e conversa agradável juntos dos amigos de Caminhada.


No domingo a programação era a subida da Pedra do Jair (nome dado em homenagem ao proprietário da Fazenda  onde esta localizada essa Pedra). Fomos caminhando até o restaurante, onde iríamos iniciar a subida até a Pedra do Jair. Aproveitamos para relaxar e descansar, porque enfrentaríamos uma subida difícil. Observei a criança que aproveitou esse momento para usar a balança que se oferecia na sombra de uma enorme árvore, e saborear ao vento uma lembrança gostosa.

*Solange Costa no seu momento de criança. 

Depois partimos para a subida até o topo da Pedra e novamente apreciamos a paisagem que foi apresentada aos olhos. Saboreamos a leve brisa sob um calor forte.


*Toda a turma no topo da Pedra do Jair

Depois de dois dias de caminhada, ficou somente a vontade de voltar muitas outras vezes para explorar toda a beleza da região.

domingo, 23 de novembro de 2014

Os Quatro Elementos - Ar

"Se você já construiu castelos no ar, não tenha vergonha deles. Estão onde devem estar. Agora dê-lhes alicerces"
Thoreau


Caminhar é ter contato com a natureza. Expor-se aos elementos,  lembrar que somos parte da vida. Este post é parte de uma série, relacionando as caminhadas aos elementos Água, Terra, Fogo e Ar. Caminhamos vencendo o vento, vento que limpa o ar que respiramos, troca, renova.

Nosso nascimento é marcado quando inauguramos nossas vias respiratórias. Nosso coração já batia, já sonhávamos, já amávamos, mas agora somos vivos. Foi o sopro divino que fez com que o molde de barro se tornasse Adão.



O ar é a morada dos pássaros, que olham desconfiados nossa passagem pela trilha. Preocupam-se com esses predadores grandes, desajeitados, andando perto de seus ninhos. O ar talvez seja a morada de nossas almas. Ao menos é para lá que olhamos quando nos dirigimos ao etéreo.


Enquanto caminhamos, o ar faz  barulho nas antenas, nas árvores, traz perigo e fascínio. O ar que faz sentir frio, que alimenta os outros elementos (fogo, água, terra), que carrega os perfumes. Pedro Almodóvar uma vez fez um filme sobre um vilarejo em que ventava muito. Todas as mulheres de lá desconfiavam que o vento lhes bagunçava os pensamentos. Talvez bagunce mesmo.



"Respiro o vento, e vivo de perfumes no murmúrio das folhas de mangueira; nas noites de luar aqui descanso e a lua enche de amor a minha esteira" 

(Alvares de Azevedo)

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Os Quatro Elementos: Fogo

"A alegria é o fogo sagrado que mantém aquecido o nosso objetivo, acesa a nossa inteligência"
Hellen Keller


Caminhar é ter contato com a natureza. Expor-se aos elementos,  lembrar que somos parte da vida. Este post é parte de uma série, relacionando as caminhadas aos elementos Água, Terra, Fogo e Ar. Fogo remete à vontade, energia, alquimia, transformação. Seu poder destrutivo nos assusta e fascina. Nossos músculos queimam calorias enquanto caminhamos. Geram calor, que exala de nosso corpo.


Houve um tempo em que nossa espécie não dominava o fogo. Ele aparecia de um raio, ou do calor das pedras, causando destruição, espantando a vida. Coube a nosso engenho trazer esta força da natureza para nosso favor. Fogo é o elemento que vai para cima, se eleva, está associado às religiões. Todos os ritos religiosos utilizam o fogo.

Foi o fogo quem permitiu que nossa espécie dormisse mais tranquila, e com isso a evolução de nosso cérebro, nossa consciência, nossa inconsciência. Quando caminhamos, o transe promovido pelo movimento de nossos pés nos leva a esse mundo de sonhos, em que nossas ideias são visitadas, repisadas.


Fogo destrói, abre espaço ao novo – das paisagens calcinadas ao rejuvenescimento – ao brotar mais verde, fortalecido. Houve uma experiência no Parque Yellowstone, em que se combateu o fogo com dedicação. Quando ele finalmente venceu, anos e anos de fogo "impedido" haviam gerado uma enorme quantidade de materiais inflamáveis, que ao queimar mataram o cerne das árvores. Foi assim que os ambientalistas descobriram que o fogo periódico renova a paisagem, remove materiais mortos, dá chance para os vegetais recomeçarem.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Os Quatro Elementos - Terra

"O laço essencial que nos une é que todos habitamos este pequeno planeta. Todos respiramos o mesmo ar. Todos nos preocupamos com o futuro dos nossos filhos. E todos somos mortais."

Kennedy


Caminhar é ter contato com a natureza. Expor-se aos elementos,  lembrar que somos parte da vida. A ligação do elemento Terra com a caminhada é óbvio. É sobre ela que nossos pés trabalham, a nos impulsionar adiante.


Nosso planeta é chamado pelo nome deste elemento: TERRA. O chão firme tem propriedades importantes. É nossa base. De lá sai a produção de alimentos, em que os vegetais produzem o milagre de transformar o sol em comida. Esta generosidade mostra o caráter da Terra, que cuida de seus filhos insolentes, enquanto estes farreiam e fazem besteiras por sua superfície.


Por vezes, as características da terra estão lá para forçar nosso desequilíbrio. Pedras desagregadas fustigam nossos pés, mostram suas pontas. A poeira solta desafia-nos a permanecer em pé, e a lama é capaz de nos exigir esforços redobrados para o mesmo passo.


Do pó ao pó. A frase utilizada no momento em que somos devolvidos à terra, na sepultura, lembra-nos de nossa estadia transitória, da importância de aproveitar em cada segundo a vida que constantemente se esvai.

"No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta"


Cecília Meireles

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Os Quatro Elementos - Água

"Do mesmo modo que o metal enferruja com a ociosidade e a água parada perde sua pureza, assim a inércia esgota a energia da mente."
Leonardo da Vinci

Da hidratação constante, necessária ao esforço, até a umidade do ar, que dá conforto. Transpiramos e nossos corpos fluem pelo caminho. O elemento água é fundamental para a caminhada. Somos mais de 70% água, e deste elemento fundamental emprestamos nossas características.


Somos rio, no curso de nossas vidas, adaptando-se aos obstáculos, contornando, oxigenando. Ora desaparecemos da superfície, mas seguimos ocultos no curso de nossas vidas. Afetamos nosso entorno, geramos vida e movimento.


Se cristalinos, refletimos o entorno sem deturpá-lo. Se revoltos, mostramos nosso potencial destrutivo, arrastando conosco uma confusão de elementos. Combatemos as pedras com coragem. Alimentamos a vida com generosidade.


Ao encontrar outro curso d´água, geramos oposição e turbulência se o enfrentarmos de maneira oposta. Ou podemos aumentar nossa vazão e capacidade, se somarmos as forças. Ao vencer grandes distâncias, deixamos nossa marca na paisagem. Ao cairmos em cascata, produzimos um espetáculo de luz e som.


Murmuramos sossegados pelos trechos tranquilos. Em alguns momentos, nos acumulamos em lagoas, berço de vida, reserva de energia.


Vez por outra evaporamos, e como chuva somos levados a lugares distantes. Recomeçamos caminhos, revisitamos experiências. Em nossa composição, resquícios de tudo por que já passamos.


Do poema "O Rio", de João Cabral de Melo Neto:


(...)Eu não sei o que os rios

Têm de homem do mar;
Sei que se sente o mesmo
E exigente chamar.
Eu já nasci descendo
A serra que se diz do Jacarará
Entre caraibeiras
De que só sei por ouvir contar
(pois, também como gente,
Não consigo me lembrar
Dessas primeiras léguas
De meu caminhar).”

sábado, 15 de novembro de 2014

Travessia Rui Braga - Parte 3/3 - Parque do Itatiaia

"A beleza das coisas existe no espírito de quem as contempla"
Hume

*Por Wagner Marrane - Fotos de Leni Megumi Mori


O parque possui um museu que conta toda a história, sua fauna e fola e é repleto de cachoeiras lindas.


Existe um mirante com uma história fantástica que tentarei narrar da melhor forma possível:


- “Eis que vos deixo para retornar a minha humilde casa, amor de minha vida” – Disse o homem apaixonado no final de mais uma noite com a sua amada.

- “Meu homem, ao deixar minha casa, na sua última oportunidade de adeus, me acene, para que guarde em minhas lembranças que todas as noites o amor de minha vida passou em minha casa.” – pediu humildemente a mulher, cujo olhar traduzia a saudade.

Ao chegar ao topo de um mirante, no caminho de despedida, o homem saca o lenço e acena para o alto, na busca da casa de sua amada e na esperança de que ela tenha visto a despedida daquela noite.



sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Travessia Rui Braga - Parte 2/3 - Parque do Itatiaia

"Uma coisa bela persuade por si mesma, sem necessidade de um orador"
Shakespeare


* Por Wagner Marrane - Fotos de Leni Megumi Mori

Seguimos pela mata fechada, com aquele sentimento de sermos praticamente nativos. O parque possui um animal símbolo chamado de "sapo flamenguinho". O duro é que se alguém falasse que o sapo era Vascaíno não iria colar. Ele é vermelho na parte inferior e preto na parte superior. Um flamenguista para ninguém botar defeito!


Chegamos por volta das 17 horas no destino. Durante o percurso, descobri que tinhas ótimas pernas e que elas também sabem reclamar... Dores pelo corpo! 


Ao final, sofri um acidente que prejudicou um pouco, torci meu tornozelo. Prontamente todo o grupo veio ao meu auxilio. Me senti o presidente do país, cheio de mimos e cuidados. Mais uma lição foi aprendida: somos passíveis de ajuda, por nossa relação em grupo, e precisamos uns dos outros.



Após todo o sofrimento vamos ao lazer. Acordamos no domingo, rimos sobre os acontecimentos pelo percurso, tomamos um belo café da manhã e partimos ao parque novamente.

Continua no próximo post...

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Travessia Rui Braga - Parte 1/3 - Parque do Itatiaia

"Podemos viajar por todo o mundo em busca do que é belo, mas se já não o trouxermos conosco, nunca o encontraremos"
Emerson

*Por Wagner Marrane - Fotos de Leni Megumi Mori

Lá estava eu de novo no Itatiaia. Seria minha primeira caminhada na chuva, e tudo indicava que a aventura iria ser a maior. A emoção tomava conta por esta variável.


Nada iria tirar o gostinho de ver novamente meu Itatiaia.Vamos lá! Munido de uma capa de chuva, comida e água, fui preparado. Para esta caminhada decido ir junto com o grupo do meu amigo Paulo, diga-se de passagem, sábio homem dos caminhos. Um grupo pequeno, mas animado! Desde da saída até a chegada foram boas risadas e histórias. 


Uma pratica nessas viagens é a de cada um contar o que viveu pelos caminhos do mundo. São histórias, não escritas, que sempre merecem um lugar na recordação de quem ouve.

*Aproximadamente 27km, trechos que mais parecem pinturas, desenhados com todo cuidado pela mãe natureza.

Esse grupo animado foi durante todo o percurso transformando aquele ambiente natural, tornando-o mais alegre e cheio de vida.

Como em todo bom caminho, somos chamados a ajudar e tive a oportunidade de socorrer mais duas pessoas. O primeiro foi Jose (Zé) que ao sofrer um tombo teve escoriações no braço. Dado minha última experiência, estava munido com um kit de primeiros socorros que deixaria qualquer hospital público com inveja....rs


A segunda foi a Cassia, que com bolhas estava começando a deixar de curtir o caminho para curtir as dores. Uma boa dose de microporos produziu nova "sola do pé", e ela estava pronta para curtir o restante do caminho. O local é muito rustico, te leva a uma viagem pelo tempo, com os abrigos e casas de colonos abandonadas ao longo do tempo.


Continua no próximo post...


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Causos das Trilhas – 2

"Passar dos fantasmas da fé para os espectros da razão é somente ser mudado de cela"
Fernando Pessoa

*Por Osmir Fernandes da Costa

No verão de 2012 começávamos a caminhar mais cedo. Saíamos de casa as 05:00h para evitar o calor forte. Inúmeras vezes, iniciamos a caminhada ainda no escuro. 


Em uma delas, partimos da Parada Quilombo em direção a Indaiatuba (Condomínio Rio Negro) passando pela Trilha do Boi, que recebe este nome pela pedra em forma de boi que encontramos no percurso.

Quando passávamos próximos a este local, observei um homem vindo em nossa direção. Ele vinha acompanhado por três cães. Quando se aproximou mais, observei que estava bem vestido, com roupas de peregrino. Reparei que seus cachorros eram bem cuidados.


Ele passou por mim e Célia, e sentimos um aroma diferente, um cheiro agradável. Ele nos cumprimentou com um discreto sorriso, sem pronunciar nenhuma palavra.

Caminhei alguns passos evitando olhar para trás. Quando o fiz, ele havia sumido. Sumiu!

Os cachorros bem cuidados, o aroma refrescante, minha relutância em olhar para trás e ao fazê-lo não o ver mais me fizeram acreditar que este peregrino fisicamente não existia.

Ele cruzou o nosso caminho para desejar "bom dia".